sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Le Roy d'Espagne

Surpreendido, olho desencantado para a Leffe Blonde que jaz na mesa da esplanada do Le Roy d'Espagne.
Cheguei à Grand Place, nesta noite chuvosa, ansioso por saborear a minha cerveja favorita.
Inalcançável na sua perfeição, insuperável no seu corpo.
Olho agora para o copo com uma inexplicável decepção.
A cerveja está como sempre a conheci. Encorpada, saborosa e com a sensual cor de caramelo.
Porque penso então na Jupiler que alegrou a minha mesa em Liège?
Leve, de subtil sabor e cor insípida.
Porque suspiro por ela?
A Leffe, quero crer, não resistiu à elevada exigência de ser a minha eterna preferida.
Sucumbiu, esmagada pelo esplendor do Hotel de Ville.
A Jupiler, pelo contrário, galgou a ausência de expectativa, superou a simplicidade da Place du Marché e usou com mestria as artes da surpresa.
E assim se tornou a minha nova paixão.
Não durará muito, já o sei.
Voltarei à Leffe, estou certo.
Mas hoje, a mítica Blonde sucumbiu aos pés da efémera Jupiler.
Não resistiu à surpresa.


Pedro Rui
Bruxelas, 2 de Outubro de 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Nunca me ocorrera que a cerveja fosse tão doce e inspiradora em Liège... :-)
Ana Grichetchkine